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Friday, January 26, 2007

Vozes do Mar


Cabo Mondego, acrílico s/tela, 81X100cm, 2002
(col. Mário Mourato)
Quando o sol vai caindo sobre as águas/
Num nervoso delíquio d'oiro intenso,/
Donde vem essa voz cheia de mágoas/
Com que falas à terra, ó mar imenso?...//
Tu falas de festins, e cavalgadas/
De cavaleiros errantes ao luar?/
Falas de caravelas encantadas/
Que dormem em teu seio a soluçar?//
Tens cantos d'epopeias? Tens anseios/
D'amarguras? Tu tens também receios,/
Ó mar cheio de esperança e majestade?!//
Donde vem essa voz, ó mar amigo?.../
...Talvez a voz de Portugal antigo,/
Chamando por Camões numa saudade!
Florbela Espanca, Poesia Completa
Lisboa, Publicações D. Quixote, 2000

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